terça-feira, 7 de julho de 2009

Semeadura, Cama de Tatami.

Estranho seria se deixasse passar, não desse valor, não me tocasse do que estaria acontecendo. De mansinho as coisas vão se ajeitando, a circunferência se fecha, o sabor da manhã se torna vivo na ponta da língua. Simplesmente nossas ações se engatam e tomam força e velocidade mordaz aos olhos de qualquer carnal e ficamos estarrecidos em ver em até que ponto chegamos mais uma vez. Do nada somos laçados, domados e cegados por uma coisa que não se explica, que não tem forma, ou às vezes até tem, mas está etérea à nossa pupila. Talvez a noz não seja tão dura de ser quebrada e seja mais fácil alimentar-se do fruto que lá dentro está, talvez essa constante metamorfose que acelera meu cérebro me torne mais permeável. Suicídio de pensamentos vãos, de gotas de chuva que caem refletindo os belos raios do inverno. Aquela poça no canto da rua me traz respostas que hoje quero sim ouvir, quero sim saber. Preciso entender de onde veio, pra onde vai. Como vai ?
A angústia da volta para casa de cabeça baixa só é saciada pela certeza de encontrar o afago no dia seguinte, combustível que faz a máquina continuar com suas polias em movimento. Movimento! Como na dança das garças no fim do outono.
Primavera eterna de lamparinas que iluminam o próximo passo de um chão tortuoso, cheio de espinhos e obstáculos mas com a certeza da frente e a história na mão.
"Vem, vamos embora. "

segunda-feira, 29 de junho de 2009


Lovebug
Jonas Brothers

Called her for the first time yesterday

Finally found the missing part of me

Felt so close but you were far away

Left me without anything to say


Now I'm speechless, over the edge

I'm just breathless

I never thought that I'd catch this Lovebug again

Hopeless, head over heels in the moment

I never thought that I'd get hit by this Lovebug again


I can't get your smile out of my mind(I can't get you out of my mind)

I think about your eyes all the time

You're beautiful but you don't even try(You don't even, don't even try)

Modesty is just so hard to find


Now I'm speechless, over the edge

I'm just breathless

I never thought that I'd catch this Lovebug again

Hopeless, head over heels in the moment

I never thought that I'd get hit by this Lovebug again


Kissed her for the first time yesterday

Everything I wished that it would be

Suddenly I forgot how to speak

Hopeless, breathlessBaby can't you see?


Now I'm...


Yeah, oh


Now I'm speechless, over the edge

I'm just breathless

I never thought that I'd catch this Lovebug again

Now I'm hopeless, head over heels in the moment

I never thought that I'd get hit by this Lovebug again

Oh..Lovebug again!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Olhar ousado

Havia uma explosão de cores emanando da órbita daqueles olhos. O que viam era incrível e mal podiam acreditar. Sim, aqueles olhos grandes, inquietos e curiosos captavam não só o caos das margaridas murchas e dos braços caídos de quem vive por viver, mas desejavam abraçar apaixonadamente aquela flor, aquele pingo de flor que se exibia timidamente convidando olhares. Pingo de flor que absurdamente brotava de um asfalto. Tão delicada e obscena, ia rompendo rochas, enfeitando e encantando o cenário para olhos que não estavam só de passagem, mas que pousaram ali, por um segundo se quer, sua vontade e todos os seus sentidos, dedicaram-se mesmo que por poucos sopros que o vento era capaz de dar a enxergar e não só a interpretar formas e paisagens aborrecidas, cansadas.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Red Cross | Our World Your Move

Está animação criada pela Saatchi & Saatchi da Suíça para a cruz vermelha, ficou muito bonita, e muito bem produzida. Mostra como pequena ações podem causar grandes impactos na sociedade, e talvez mudar o nosso mundo.
A produção é da Wanda Productions, de Paris, com pós do Escape Studio.

Red Cross | Our World Your Move

terça-feira, 26 de maio de 2009

Faça o que digo, não o que faço


É fácil se escandalizar com os grandes acontecimentos corruptos, no entanto, é difícil enxergar que um grande corrupto não surge repentinamente no topo de um pedestal, mas trilha um caminho até lá.
Tal caminho se assemelha à formação acadêmica: primeiro reconhece-se símbolos, ícones, letras, para depois formar-se palavras, depois frases e então textos.
Um corrupto começa com pequenos desrespeitos à ética e, explora cuidadosamente o caminho que vê como possível a se trilhar. Dessa forma, percebe-se a amplitude da importância da educação e da ética.
Não significa, porém, que todas as pessoas que furam filas ou pagam propina, por exemplo, tornar-se-ão Renans Calheiros, no entanto, suas ações destituem-nas do direito de reclamar de tais feitores.
Enquanto o esperto for o que economiza tempo furando uma fila, dinheiro sonegando impostos ou fazendo os chamados "gatos", também o se-los-ão políticos que constroem castelos com dinheiro de impostos, que têm contas na Suíça, que "roubam, mas fazem"
Se essa realmente for a esperteza, é melhor que haja uma nação de burros honestos. Chega de Robin Hoods às avessas, mas chega também de espertos egoístas e aproveitadores.
"Proletariados de todo o mundo, uni-vos" é a frase, pois vem bem a calhar: "Éticos de todos o mundo, uni-vos", e construam o novo a partir das gerações que são iniciadas agora.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ao sol



Como eu estou hoje?

Não sei, é difícil entender

Tantas coisas aconteceram

Que eu não consigo explicar


O mundo continua girando,

mas eu não saio do lugar

olho em volta e tudo,

tudo continua funcionando

[exceto eu


Saio até a esquina

Para ver se algo mudou

Mas nada disso importa

Aqui dentro a tempestade continua


E meu mar só aumenta

Mas, um dia, eu farei o sol brilhar

e então, tudo o que passei

será somente mais um capítulo

[ da minha história


A água vai encobrir os vestígio

Levar a dor

Me deixar úmida, para secar ao sol

Mas meu sol estará aqui

E o meu 'era uma vez'

terá um 'felizes para sempre'






terça-feira, 19 de maio de 2009

WWF | Tarzan

Um comercial da WWF, muito engraçado por sinal e por contrário se trata de um tema muito sério.
O texto diz:  “15km2 of rain forest disappears every minute” (15km² de mata atlântica desaparecem a cada minuto).
É simplesmente incrível como as pessoas não se importam com isso, a natureza existe para ser cuidada pelas pessoas, e estas então podem utilizar melhor a natureza para outros fins. Será que somos tão ignorantes a ponto de não admitir que a cada dia estamos errando mais e mais? Nós já estamos sofrendo com nossos próprios erros, aquecimento global, efeito estufa, derretimento de geleiras, terremotos, tufões entre outro fenômenos e  que um dos maiores culpados deles ocorrerem somos nós próprios que possuímos os mesmo neurônios que um gafanhoto.

De certo, deu certo.

Quem crê em Deus(es) pode despreocupar-se com pequenos erros por saber que no fim tudo da certo, como citado por Guimarães Rosa. E eu? posso errar estando segura do meu futuro? Será que este 'certo' é o meu certo ou é outra visão? e o meu certo qual será! é o certo?
Tenho de sonhar para viver. Mas sem idealizar, evitando chateações ou tornar-me uma pessoa alheia à realidade. Então, sonhar sem idealizar. É incabível, utopia. E a utopia não é o sonhar sem ter direito de idealizar, pois no fim não há certeza de que é errado?
Desisto de sonhar, deixo para mais tarde, que venha o próximo tópico. Viver bem e realizar-se. Como sem idealizar? Profissionalmente, então. Realizar o sonho esperando algo em troca de tê-lo realizado.. é este nosso trabalho. Mas para isto nos dedicaremos arduamente - a conquista do trabalho- para que depois prostituamos o resto de nossas vidas tentando realizar o sonho, já realizado. Esqueci-me; Viver um dia de cada vez, certo.
Mas, viver bem, pois! E para atingir o bom emprego, estudos. Estudos incessantes sem profundidão alguma. E quando há estudo o bastante, discussões vêm para que absorva ou desenvolva mais a cultura, pois sempre há mais a se saber. E ao fim da frondosa discussão, promissora de intelectos, o nada. A nudez. Nada sei, apesar de saber , mas não tudo. E este não saber não se saceia com mais saber, ele só aumenta. Mas então dizem: " A plenitude é atingida ao descobrir que nada se sabe após saber tudo.". De certo não estou na plenitude.
Mais saber, então, para no futuro atingir a plenitude! Cai. Perdi tudo. Ao almejar no meu futuro a plenitude acabei por idealizar, não vivendo um dia de cada vez e sendo utópica. Agora, mesmo ao alcançar a plenitude, nada mais serei do que uma mente divagando sem rumo, paralela à realidade. Deu certo.

sábado, 9 de maio de 2009

Trecho de "Ode Triunfal" - Álvaro de Campos (heterônimo de F. Pessoa)

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu [sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos [modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical -
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força -
Canto, e canto o presente, e também o passado [e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
(...)
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
(...)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Anistia Internacional



Criados pela TBWA\Paris, esses anúncios são ainda mais diretos, colocando cenas de tortura em cenários olímpicos.
A Anistia Internacional não pegou leve em suas propagandas para a os jogos olimpicos. Foi criado para mostrar que não existe espiríto esportivo e união entre os países como estamos acostumados.

Talvez...



Talvez um dia tudo venha a ser diferente
e nos olhos vazios haja novamente uma luz
e no coração endurecido, novamente uma batida
e na expressão fria, novamente ternura

Talvez a dor da queda seja menor que a alegria da tentativa
A dor do fim, menor que as alegrias do caminho
O fim doloroso, um novo começo
O medo do desconhecido, uma coragem avassaladora

Talvez o olhar intencional ignore os defeitos
O crítico consiga elogiar
E novamente haja cores
Haja sons

Talvez tudo volte a ter sentido:
A criança sorrindo
O palhaço brincando
E, ainda sim, o tempo se esvaindo.

domingo, 3 de maio de 2009

Every child needs a family

Esta propaganda foi criada pela Lowe da Croácia.
Muita gente fala sobre o abandono de animais, mas será que essas mesmas pessoas se preocupam com os seus semelhantes?

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Que Mudar


Lá, na Senhora do Mundo, o Sol lançava os raios da ambição em pleno século XIX. O ideário de dominação, em que apenas o mais forte sobrevivia, nascia naquele conturbado século. Ainda como embrião em estado de mórula, a "máquina" em pouco tempo tornar-se-ia o centro dos holofotes, tirande de vez o ser humano de cena.
A Mãe-Negra sangrava ao ser esquartejada pelos brancos superiores. A infância da humanidade, tal qual como pregava a Eugenia, ia aos poucos europeizando-se. O que valia era o "from Europe" e ponto final.
O continente onde o Sol costumava nascer passou a presenciar dias eternos sem luz, as flores da primavera haviam murchado, agora restavam folhas finas e secas tal qual como o sertão nordestino. As mãos milenares voltadas para o imaterial enfrentaram aquela esquadra marítima avassaladora e toda aquela cegueira cultural expandia-se para os continentes berços do mundo.
O trabalho era imposto de forma exploratória, famílias dizimadas. A tecnologia agora era objetivo de vida naquela população impostamente européia. Todos alienados. Ninguém mais via o etnocídio. A ideologia do senso comum ganhou o coração e a mente de todos que se vendiam barato para fazer parte do novo modelo de sociedade. Novo, assutador, ditatorial.
E viva o consumo ! E saíam homens e riquezas e entravam agústias e nostalgias. Usam celeular, comem "Fast Food" e vivem subodinados ao imperialismo travestido de desenvolvimento econômico avaçado. Calça jeans, escravos negligenciados, AIDS, armamentos, inglês, massificação, internet, rebanho, esteriótipos, pobreza, classes, castas, o novo. Globalização. Fusão de culturas. Opções de escolha, consumo. Falta de cultura. E a tradição ficou para os empoeirados livros de história.

PROTEÇÃO DA NAÇÃO


Jogado em gaiolas 
tratado como um animal 
País da democracia? 
Irônico dizer essa blasfêmia 
 
Tremendo na escuridão
 A cada passo que ouço
 Escuto em minha cabeça 
Gritos de sofrimento 

Vejo o meu medo
 Se aproximando 
 Atrás da minha gaiola 
Violentado serei 

Quem dera poder sair
 Viver com paz 
E a família poder abraçar

 Sem dizer adeus 
Fico esperando  
A pequena viseira se abrir
 E ver o sofrimento do meu semelhante em mim 

Nos muros dessa solidão
 Há sangue sendo escorrido
 E dor sendo provocada

 Me perdoe meu senhor
 Eles não sabem o que fazem

 Escrevo essa carta para me redimir
 E tentar possuir o que nunca tive
 A liberdade de ter a igualdade dentro Da minha sociedade

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Amanheceu - Parte 1


Amanheceu. O sol se mostrava alegremente, mas de alegre não havia nada naquele dia. A noite se arrastara, também, se ao menos Alan tivesse cochilado alguns instantes ela poderia ter passado menos dolorosamente, no entanto, a cabeça dele andava a mil por hora.
Dias antes, uma noite de insônia seria impensável, a alegria reinava em seu coração, assim como em seu lar, embora sua razão lhe dissesse que havia algo de errado. Mas, o que deveria ter feito? Ignorar fora tão mais fácil, além de que não havia evidências concretas, ou será que havia?
Alan e Cláudia se conheceram de forma inusitada: era uma manhã fria, o sol resolvera não aparecer e mandara hostis negras nuvens em seu lugar. Chovia muito e para variar todos os táxis estavam ocupados, a estação mais próxima do metrô ficava longe, os ônibus estavam lotados, restando apenas uma solução: aventurar-se a andar com um insignificante guarda-chuva em meio a cruel tempestade. Foi então que Alan a viu: completamente molhada, parecia ansiosa e educadamente pedia informações a algum estranho de como chegar em algum lugar.
- Posso te ajudar?
- Si- sim... como chego no edifício Down Town?
Ela tremia. Só de vê-la, seu coração acelerou e ele desejou poder abraçá-la, protegendo-a de tudo que o mundo pudesse fazer de mal, afinal de contas, era linda: seus longos cabelos escuros emolduravam seu rosto de forma inexplicável e destacavam seus olhos azuis, nos quais Alan se perdeu por uns instantes.
Só após observá-la por alguns segundos foi que se deu conta do conteúdo da pergunta, então seu coração se aqueceu em meio àquela tempestade, se é que isso era possível:
- Eu estou indo para lá também, se a senhorita não se importar, posso acompanhá-la .
- Muito obrigada. Como se chama?
- Me chamo Alan Ferreira e você, senhorita?
-Me chamo Cláudia Farias. Estou indo fazer uma entrevista, você trabalha lá?
- Sim, faz anos.
E com esse início inocente gerou-se uma forte amizade que, quando Cláudia foi admitida para o cargo que almejava (claro que com uma pequena ajuda de seu mais novo amigo), cresceu de forma indescritível, tomando novos rumos.
Como esconder? Alan nunca fora uma pessoa discreta. Não que fosse escandaloso, mas não demonstrar algo que sentia nunca foi um de seus pontos fortes. No entanto, contra todas as expectativas, isso o ajudou: Cláudia, sabendo da reciprocidade, declarou-se. Que alegria! Nunca se sentira tão feliz, tão ansioso pelo fim do expediente, quando sairiam, na qualidade de casal de namorados, pela primeira vez.
Foi o melhor jantar de suas vidas. Que sentimento avassalador era aquele? Nunca, em suas vidas, nenhum deles o tinha sentido, não nessa intensidade, não dessa forma.
O tempo passava e esse sentimento só aumentava. Que maravilha! A espera foi recompensada da melhor forma! No entanto, algo mudou e, no rosto de Cláudia, em que sempre se encontrava um sorriso lindo, começou a aparecer um sorriso amarelo, sem alegria e, nos olhos que outrora se via só o mais completo contentamento, agora havia medo.
Mas, medo de que? Por quê? Ninguém foi capaz de entender a mudança, só de especular sobre, embora, o real motivo estivesse muito longe.

terça-feira, 28 de abril de 2009

São Paulo não tem o Pôr-do-sol no horizonte. São Paulo não tem caminhos a direito. São Paulo traz o pôr do sol no rosto das pessoas a quem damos as mãos. O pôr do sol no recorte das árvores e das casas. E o pôr-do-sol que sobra dos olhares rápidos dos caminhantes que passam. O instinto a revelar-nos que haverá sempre uma má desculpa para fingirmos que está tudo bem. O instinto a ganhar terreno e ainda agora a dizer-me ao ouvido que vai correr tudo bem. E que comigo não havia de ser diferente e que por isso crescemos e as coisas mudam para nós, tornam-se melhores mas mais pesadas, mais doces e mais amargas, tudo complica mas fica mais simples de fazer – faz-se pior, melhor, mas faz-se. Talvez por descuido, por um frágil instante escapado pelas mãos, perde-se o brio nas coisas em que somos bons, mas continuamos a ter o vento a bater-nos na cara e o pôr-do-sol a encher-nos o ego. Quando, no fim de tudo, nós só queríamos que o sofrimento tivesse valido a pena. Apesar do que nos dizem. Quem me dera que pudesse orbitar pelo meu universo. Não por mim, mas para que vejas, por ti próprio, a vida como eu a vejo. Aqui tudo faz muito mais sentido, porque as emoções nos levam ao limite da honestidade e nenhum de nós consegue passar sozinho por este lugar. Tudo custa muito mais, e por isso mesmo, os sorrisos são maiores, os abraços mais fortes. Aqui fazemo-nos espelhos uns dos outros, aqui somos ombros amigos a qualquer hora do dia ou da noite, aqui as palavras valem muito pouco. São Paulo tem caminhos que nos fazem subir e ser feliz no cansaço dos fins de tarde.

sábado, 25 de abril de 2009

Ice-dream




As mudanças sempre foram motivo de questionamentos para Ana, tinha orgulho de se olhar no espelho e notar o quanto as suas feições sempre redondinhas ganhavam caráter maduro com o passar do tempo. Seus gostos também já não eram mais os mesmos, havia 2 anos que ela mudara o sabor favorito de seu sorvete, pistache já era coisa do passado. Aliás, essa era uma daquelas transformações que não adquirem forma definida nem definitiva, apenas mudam... para o quê? Bem, houve aqueles dois dias do morango, o de damasco light por ser lançamento chegou a durar algumas semanas, mas nunca, nenhum sabor a saciava completamente assim como o de pistache fizera outrora.
A corriqueira mudança de gostos já tinha virado neurose, e Aninha passou a buscar incessantemente o sabor que a completasse. Assim como os apaixonados buscam nos seus amores o complemento para a sua existência, Ana idealizou aquele sorvete como o que lhe faltava, em quaisquer circunstâncias. Foi em um dia, quando, esperançosa, entrou em uma sorveteria que ouviu uma mulher tipão escadaloso falar para outra mais tímida:
-Tá esperando um milagre, é?!
“Tá esperando um milagre, é?!”. E já perto do balcão ela viu o seu reflexo no vidro acima das cores vibrantes e infantis que vinham dos potes de sorvete. O rosto que viu, porém, não tinha seu nariz, seu cabelo, suas olheiras de noites de estudo, mas ainda assim lhe era familiar. A menina que a olhava sorriu, e quase que de imediato reconheceu a forma curva de seu sorriso e claro, suas covinhas irregulares. Havia mais de 15 anos que não via aquele semblante, naquela época ela tinha então 6 anos e olhava-se no espelho. Lembrou que, nesta época, não importava se ralava o joelho, batia na quina da porta ou tropeçava nas pedrinhas da calçada, a solução era sempre sorvete de pistache. Os tropeções agora eram maiores, bem maiores. Percebeu que havia anos que tentava ignorar o fato de que seus problemas não eram mais os mesmos, e na tentativa de escape se prendeu no que era a sua fuga quando o seu maior problema era a boneca que andava desaparecida.
- Ei mocinha, posso ajudar?
Naquela tarde, Ana saiu com um sorvete de pistache em uma mão e o celular na outra. Na boca, sentia gosto de nostalgia, ao telefone falava poucas e boas para a chefe. Daquele dia em diante fez por conta, não esperou mais milagre nenhum fazer nada por ela, passou a idealizar seus objetivos, não sua vida e além de tudo aprendeu a apreciar todos os sabores de sorvete que a vida lhe oferecia, sem cobertura, originalmente sorvetes, bons ou ruins, sempre gelados.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

E se fosse na sua casa?

Essa propaganda foi vinculada para o Greenpeace em 2003 com a simples frase:
``E se fosse na sua casa, você reclamaria?´´
Temos que cuidar na nossa casa e se algo nos revolta, nos agride, devemos juntar nossa ``família´´ e denunciar utilizando a força da união.
Podemos fazer a diferença, basta poder ter a consciência do que realmente vale a pena na vida e assim ditar as regras do ``jogo´´. Poderemos assim acordar um ``gigante adormecido´´.

terça-feira, 21 de abril de 2009

200 anos de Charles Darwin

Vamos pensar nos seguintes casos:
Um trem vai atingir 5 pessoas que trabalham desprevenidas sobre a linha. Mas você tem a chance de evitar a tragédia acionando uma alavanca que leva o trem para outra linha, onde ele atingirá apenas uma pessoa. Você mudaria o trajeto, salvando as 5 pessoas e matando 1?
( ) mudaria
( ) Não mudaria

Imagine a mesma situação anterior porém agora com uma diferença existe apenas uma linha, e o trem pode apenas ser parado empurrando um objeto pesado em sua frente. Uma pessoa com uma mochila muito grande está ao lado da ferrovia. Se você empurrá-lo para a linha, o trem vai parar, salvando as 5 pessoas, mas liquidando uma. Você empurraria o homem da mochila para a linha?
( ) Empurraria
( ) Não empurraria

Pois bem, qual você alternativa você escolheria? É provável que tenha escolhido respostas diferentes para cada teste. Mas há diferença entre um teste e outro? Não há, são testes iguais, você precisa sacrificar uma para salvar 5.
O sentimento de culpa falaria que o sentimento de ter cometido um crime no primeiro teste seria menor comparado ao segundo teste, pois empurrar uma pessoa em um trilho acaba sendo mais cruel na sociedade em que nós vivemos.
O homem continua sendo um animal, que é controlado pelos seus desejos e instintos, por que agora não mostra o seu natural?
Vivemos a base de antropofagia, e carnificina, acredito que apenas mascaramos o que somos, temos medo de ser rotulado pelas outras pessoas de animal ou que as pessoas acreditem que temos uma doença mental. Essa sociedade hipócrita só mostra o quanto há uma ideologia estampada na cara de cada cidadão, que esconde o quanto somos canibais.
Parabéns Charles Darwin pelos seus 200 aninhos.

Tudo será como Antes Amanhã

Cada dia trabalhado, genocídio de leões atentos ao capital, capoeira bem jogada por negros e negras, japoneses e japonesas, europeus e européias, americanos e americanas que se aculturam a um meio antes inóspito dotado de armadilhas grotescas de bátavos que sempre foram intitulados de batavos. Mais valia relativa cotidiana explorando cabeças que não podem mais gerar frutos por não serem abastecidas. A estas, provenientes de periferias malfadadas, resultantes dá má distribuição de renda e do constante vazio do poder do Estado, nenhuma força mais resta. Líderes carismáticos ainda levam de roldão platéias imensas de bestas encabrestadas que regurgitam o veneno engolido a cada novela das oito. Ah, esplêndidas macabras cenas de fartura, bem estar e felicidade! Ah, que contraste com a falta de saneamento básico, barracos que pegam fogo a cada dia e inundações que levam sonhos e vontade de viver! Ah, esta sociedade da visibilidade, da casca perfeita, do fruto mais podre e velho que já mais se viu antes! Às vezes estes acrobatas dilacerados caem, e não sei se por ironia ou por concisão, pedem desculpas numa tentativa de refugo de seu âmago, da punição por não suportarem abrir mão da pele de sua individualidade e vestir o couro da pequena comuna que detém o poder. Passam-se assim dias, anos, vidas e o mundo gira como ontem tal qual como será o amanhã.