quarta-feira, 29 de abril de 2009

Amanheceu - Parte 1


Amanheceu. O sol se mostrava alegremente, mas de alegre não havia nada naquele dia. A noite se arrastara, também, se ao menos Alan tivesse cochilado alguns instantes ela poderia ter passado menos dolorosamente, no entanto, a cabeça dele andava a mil por hora.
Dias antes, uma noite de insônia seria impensável, a alegria reinava em seu coração, assim como em seu lar, embora sua razão lhe dissesse que havia algo de errado. Mas, o que deveria ter feito? Ignorar fora tão mais fácil, além de que não havia evidências concretas, ou será que havia?
Alan e Cláudia se conheceram de forma inusitada: era uma manhã fria, o sol resolvera não aparecer e mandara hostis negras nuvens em seu lugar. Chovia muito e para variar todos os táxis estavam ocupados, a estação mais próxima do metrô ficava longe, os ônibus estavam lotados, restando apenas uma solução: aventurar-se a andar com um insignificante guarda-chuva em meio a cruel tempestade. Foi então que Alan a viu: completamente molhada, parecia ansiosa e educadamente pedia informações a algum estranho de como chegar em algum lugar.
- Posso te ajudar?
- Si- sim... como chego no edifício Down Town?
Ela tremia. Só de vê-la, seu coração acelerou e ele desejou poder abraçá-la, protegendo-a de tudo que o mundo pudesse fazer de mal, afinal de contas, era linda: seus longos cabelos escuros emolduravam seu rosto de forma inexplicável e destacavam seus olhos azuis, nos quais Alan se perdeu por uns instantes.
Só após observá-la por alguns segundos foi que se deu conta do conteúdo da pergunta, então seu coração se aqueceu em meio àquela tempestade, se é que isso era possível:
- Eu estou indo para lá também, se a senhorita não se importar, posso acompanhá-la .
- Muito obrigada. Como se chama?
- Me chamo Alan Ferreira e você, senhorita?
-Me chamo Cláudia Farias. Estou indo fazer uma entrevista, você trabalha lá?
- Sim, faz anos.
E com esse início inocente gerou-se uma forte amizade que, quando Cláudia foi admitida para o cargo que almejava (claro que com uma pequena ajuda de seu mais novo amigo), cresceu de forma indescritível, tomando novos rumos.
Como esconder? Alan nunca fora uma pessoa discreta. Não que fosse escandaloso, mas não demonstrar algo que sentia nunca foi um de seus pontos fortes. No entanto, contra todas as expectativas, isso o ajudou: Cláudia, sabendo da reciprocidade, declarou-se. Que alegria! Nunca se sentira tão feliz, tão ansioso pelo fim do expediente, quando sairiam, na qualidade de casal de namorados, pela primeira vez.
Foi o melhor jantar de suas vidas. Que sentimento avassalador era aquele? Nunca, em suas vidas, nenhum deles o tinha sentido, não nessa intensidade, não dessa forma.
O tempo passava e esse sentimento só aumentava. Que maravilha! A espera foi recompensada da melhor forma! No entanto, algo mudou e, no rosto de Cláudia, em que sempre se encontrava um sorriso lindo, começou a aparecer um sorriso amarelo, sem alegria e, nos olhos que outrora se via só o mais completo contentamento, agora havia medo.
Mas, medo de que? Por quê? Ninguém foi capaz de entender a mudança, só de especular sobre, embora, o real motivo estivesse muito longe.

terça-feira, 28 de abril de 2009

São Paulo não tem o Pôr-do-sol no horizonte. São Paulo não tem caminhos a direito. São Paulo traz o pôr do sol no rosto das pessoas a quem damos as mãos. O pôr do sol no recorte das árvores e das casas. E o pôr-do-sol que sobra dos olhares rápidos dos caminhantes que passam. O instinto a revelar-nos que haverá sempre uma má desculpa para fingirmos que está tudo bem. O instinto a ganhar terreno e ainda agora a dizer-me ao ouvido que vai correr tudo bem. E que comigo não havia de ser diferente e que por isso crescemos e as coisas mudam para nós, tornam-se melhores mas mais pesadas, mais doces e mais amargas, tudo complica mas fica mais simples de fazer – faz-se pior, melhor, mas faz-se. Talvez por descuido, por um frágil instante escapado pelas mãos, perde-se o brio nas coisas em que somos bons, mas continuamos a ter o vento a bater-nos na cara e o pôr-do-sol a encher-nos o ego. Quando, no fim de tudo, nós só queríamos que o sofrimento tivesse valido a pena. Apesar do que nos dizem. Quem me dera que pudesse orbitar pelo meu universo. Não por mim, mas para que vejas, por ti próprio, a vida como eu a vejo. Aqui tudo faz muito mais sentido, porque as emoções nos levam ao limite da honestidade e nenhum de nós consegue passar sozinho por este lugar. Tudo custa muito mais, e por isso mesmo, os sorrisos são maiores, os abraços mais fortes. Aqui fazemo-nos espelhos uns dos outros, aqui somos ombros amigos a qualquer hora do dia ou da noite, aqui as palavras valem muito pouco. São Paulo tem caminhos que nos fazem subir e ser feliz no cansaço dos fins de tarde.

sábado, 25 de abril de 2009

Ice-dream




As mudanças sempre foram motivo de questionamentos para Ana, tinha orgulho de se olhar no espelho e notar o quanto as suas feições sempre redondinhas ganhavam caráter maduro com o passar do tempo. Seus gostos também já não eram mais os mesmos, havia 2 anos que ela mudara o sabor favorito de seu sorvete, pistache já era coisa do passado. Aliás, essa era uma daquelas transformações que não adquirem forma definida nem definitiva, apenas mudam... para o quê? Bem, houve aqueles dois dias do morango, o de damasco light por ser lançamento chegou a durar algumas semanas, mas nunca, nenhum sabor a saciava completamente assim como o de pistache fizera outrora.
A corriqueira mudança de gostos já tinha virado neurose, e Aninha passou a buscar incessantemente o sabor que a completasse. Assim como os apaixonados buscam nos seus amores o complemento para a sua existência, Ana idealizou aquele sorvete como o que lhe faltava, em quaisquer circunstâncias. Foi em um dia, quando, esperançosa, entrou em uma sorveteria que ouviu uma mulher tipão escadaloso falar para outra mais tímida:
-Tá esperando um milagre, é?!
“Tá esperando um milagre, é?!”. E já perto do balcão ela viu o seu reflexo no vidro acima das cores vibrantes e infantis que vinham dos potes de sorvete. O rosto que viu, porém, não tinha seu nariz, seu cabelo, suas olheiras de noites de estudo, mas ainda assim lhe era familiar. A menina que a olhava sorriu, e quase que de imediato reconheceu a forma curva de seu sorriso e claro, suas covinhas irregulares. Havia mais de 15 anos que não via aquele semblante, naquela época ela tinha então 6 anos e olhava-se no espelho. Lembrou que, nesta época, não importava se ralava o joelho, batia na quina da porta ou tropeçava nas pedrinhas da calçada, a solução era sempre sorvete de pistache. Os tropeções agora eram maiores, bem maiores. Percebeu que havia anos que tentava ignorar o fato de que seus problemas não eram mais os mesmos, e na tentativa de escape se prendeu no que era a sua fuga quando o seu maior problema era a boneca que andava desaparecida.
- Ei mocinha, posso ajudar?
Naquela tarde, Ana saiu com um sorvete de pistache em uma mão e o celular na outra. Na boca, sentia gosto de nostalgia, ao telefone falava poucas e boas para a chefe. Daquele dia em diante fez por conta, não esperou mais milagre nenhum fazer nada por ela, passou a idealizar seus objetivos, não sua vida e além de tudo aprendeu a apreciar todos os sabores de sorvete que a vida lhe oferecia, sem cobertura, originalmente sorvetes, bons ou ruins, sempre gelados.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

E se fosse na sua casa?

Essa propaganda foi vinculada para o Greenpeace em 2003 com a simples frase:
``E se fosse na sua casa, você reclamaria?´´
Temos que cuidar na nossa casa e se algo nos revolta, nos agride, devemos juntar nossa ``família´´ e denunciar utilizando a força da união.
Podemos fazer a diferença, basta poder ter a consciência do que realmente vale a pena na vida e assim ditar as regras do ``jogo´´. Poderemos assim acordar um ``gigante adormecido´´.

terça-feira, 21 de abril de 2009

200 anos de Charles Darwin

Vamos pensar nos seguintes casos:
Um trem vai atingir 5 pessoas que trabalham desprevenidas sobre a linha. Mas você tem a chance de evitar a tragédia acionando uma alavanca que leva o trem para outra linha, onde ele atingirá apenas uma pessoa. Você mudaria o trajeto, salvando as 5 pessoas e matando 1?
( ) mudaria
( ) Não mudaria

Imagine a mesma situação anterior porém agora com uma diferença existe apenas uma linha, e o trem pode apenas ser parado empurrando um objeto pesado em sua frente. Uma pessoa com uma mochila muito grande está ao lado da ferrovia. Se você empurrá-lo para a linha, o trem vai parar, salvando as 5 pessoas, mas liquidando uma. Você empurraria o homem da mochila para a linha?
( ) Empurraria
( ) Não empurraria

Pois bem, qual você alternativa você escolheria? É provável que tenha escolhido respostas diferentes para cada teste. Mas há diferença entre um teste e outro? Não há, são testes iguais, você precisa sacrificar uma para salvar 5.
O sentimento de culpa falaria que o sentimento de ter cometido um crime no primeiro teste seria menor comparado ao segundo teste, pois empurrar uma pessoa em um trilho acaba sendo mais cruel na sociedade em que nós vivemos.
O homem continua sendo um animal, que é controlado pelos seus desejos e instintos, por que agora não mostra o seu natural?
Vivemos a base de antropofagia, e carnificina, acredito que apenas mascaramos o que somos, temos medo de ser rotulado pelas outras pessoas de animal ou que as pessoas acreditem que temos uma doença mental. Essa sociedade hipócrita só mostra o quanto há uma ideologia estampada na cara de cada cidadão, que esconde o quanto somos canibais.
Parabéns Charles Darwin pelos seus 200 aninhos.

Tudo será como Antes Amanhã

Cada dia trabalhado, genocídio de leões atentos ao capital, capoeira bem jogada por negros e negras, japoneses e japonesas, europeus e européias, americanos e americanas que se aculturam a um meio antes inóspito dotado de armadilhas grotescas de bátavos que sempre foram intitulados de batavos. Mais valia relativa cotidiana explorando cabeças que não podem mais gerar frutos por não serem abastecidas. A estas, provenientes de periferias malfadadas, resultantes dá má distribuição de renda e do constante vazio do poder do Estado, nenhuma força mais resta. Líderes carismáticos ainda levam de roldão platéias imensas de bestas encabrestadas que regurgitam o veneno engolido a cada novela das oito. Ah, esplêndidas macabras cenas de fartura, bem estar e felicidade! Ah, que contraste com a falta de saneamento básico, barracos que pegam fogo a cada dia e inundações que levam sonhos e vontade de viver! Ah, esta sociedade da visibilidade, da casca perfeita, do fruto mais podre e velho que já mais se viu antes! Às vezes estes acrobatas dilacerados caem, e não sei se por ironia ou por concisão, pedem desculpas numa tentativa de refugo de seu âmago, da punição por não suportarem abrir mão da pele de sua individualidade e vestir o couro da pequena comuna que detém o poder. Passam-se assim dias, anos, vidas e o mundo gira como ontem tal qual como será o amanhã.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Derretido Pela Cruz Vermelha



Sou o primeiro a postar nesse blog, que por motivos ``desconhecidos´´ possui um intuito de não ter um intuito (confuso?), tal que, somos apenas jovens tentando fazer algo por nós mesmos, por que se não quem irá fazer?

Este primeiro post, é sobre uma propaganda que não é para o consumo excessivo de algum produto, é sobre um problema que todos nós deveríamos entender e fazer cada um a sua parte.

Esta propaganda foi vinculada na Argentina. A Cruz Vermelha achou uma forma bem criativa e interessante de entregar folhetos, que para muitos era algo que era enviado logo para o lixo ou ignorado. Uma pessoa derretida na calçada acredito que seria poucos que não iriam perceber a sua forma ``geléia´´.

Tais folhetos além de explicar sobre os problemas do aquecimento global, também dava dicas de como economizar energia, em prol de uma vida melhor.