terça-feira, 28 de abril de 2009

São Paulo não tem o Pôr-do-sol no horizonte. São Paulo não tem caminhos a direito. São Paulo traz o pôr do sol no rosto das pessoas a quem damos as mãos. O pôr do sol no recorte das árvores e das casas. E o pôr-do-sol que sobra dos olhares rápidos dos caminhantes que passam. O instinto a revelar-nos que haverá sempre uma má desculpa para fingirmos que está tudo bem. O instinto a ganhar terreno e ainda agora a dizer-me ao ouvido que vai correr tudo bem. E que comigo não havia de ser diferente e que por isso crescemos e as coisas mudam para nós, tornam-se melhores mas mais pesadas, mais doces e mais amargas, tudo complica mas fica mais simples de fazer – faz-se pior, melhor, mas faz-se. Talvez por descuido, por um frágil instante escapado pelas mãos, perde-se o brio nas coisas em que somos bons, mas continuamos a ter o vento a bater-nos na cara e o pôr-do-sol a encher-nos o ego. Quando, no fim de tudo, nós só queríamos que o sofrimento tivesse valido a pena. Apesar do que nos dizem. Quem me dera que pudesse orbitar pelo meu universo. Não por mim, mas para que vejas, por ti próprio, a vida como eu a vejo. Aqui tudo faz muito mais sentido, porque as emoções nos levam ao limite da honestidade e nenhum de nós consegue passar sozinho por este lugar. Tudo custa muito mais, e por isso mesmo, os sorrisos são maiores, os abraços mais fortes. Aqui fazemo-nos espelhos uns dos outros, aqui somos ombros amigos a qualquer hora do dia ou da noite, aqui as palavras valem muito pouco. São Paulo tem caminhos que nos fazem subir e ser feliz no cansaço dos fins de tarde.

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